Pra começar, sabendo que todas as palavras já foram ditas, e que nenhuma ideia por mim exposta foi somente por mim pensada, começo a tentar gravar no papel palavras e pensamentos bizarros que passam depressa por minha mente, e sem permissão. E evaporam, somem dentro de mim sem a menor permissão.

Com tanta busca por algo que eu não sabia o que, busca de algo que pudesse chamar de meu; o meu canto, o meu jeito, o meu pensamento, a minha independência, a minha vida; que acabo percebendo que perdi o meu espaço, o meu mundo. E não sei mais a que pertenço. Estou no meio do nada, com poucas perspectivas e esperanças, e não sei bem o que fazer, ou qual o próximo passo a dar.
Já não controlo muito bem minha mente, o meu tempo, minhas tarefas, minha fé, meu coração, minhas vontades, meu destino, minha vida. Corri muito, tenho de esperar. Irei virar uma, mais uma, página, e o que será escrito na outra não caberá a mim decidir.
(31/05/2010)
Acho que sempre acabo virando as páginas como uma forma de fuga. Fuga de mim.
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